terça-feira, 18 de outubro de 2011

MOVIMENTO E AUTARCAS REPUDIAM DESACTIVAÇÃO DA LINHA ENTRE BEJA E FUNCHEIRA:

«Um movimento cívico e os autarcas de Castro Verde e Ourique repudiaram hoje a prevista desativação da linha ferroviária entre Beja e Funcheira, enquanto o autarca de Beja defende que a decisão deve considerar a sustentabilidade do serviço.

Segundo um documento preliminar que define a estratégia do Governo para os transportes entre 2011 e 2015, a que a Lusa teve acesso, o executivo prevê desativar até final deste ano, na linha ferroviária do Alentejo, a ligação entre Beja e Funcheira, que assegura a ligação ao Algarve e passa pelos concelhos de Castro Verde e Ourique.

De acordo com o documento, a mobilidade das populações será "assegurada" através de "concessões rodoviárias" e o Governo vai manter a ligação ferroviária de mercadorias às minas de Neves Corvo (Castro Verde).

"Não vemos com agrado o encerramento" da ligação e "será um erro, para já, acabar" com a linha, porque "temos quase a certeza absoluta de que será importante num futuro próximo", disse hoje à Lusa Florival Baioa, do movimento ‘Beja Merece’, criado para defender a manutenção da ligação, entre outras reivindicações.

A desativação da linha está prevista no orçamento deste ano da CP. "Já sabíamos que isso iria suceder", lembrou, referindo que "em vez de se melhorar a linha prefere-se extinguir", o que irá impedir que haja uma ligação ferroviária pelo interior entre as três capitais do sul (Évora, Beja e Faro).

O presidente da Câmara de Castro Verde, Francisco Duarte (CDU), afirmou à Lusa não concordar com a desativação da linha, que, a concretizar-se, será "mais um contributo decisivo para a desertificação humana da região e a quebra da qualidade de vida das populações".

O município "repudia frontalmente o esquecimento do Alentejo em termos de estratégia ferroviária", disse, defendendo que a linha "deveria ser melhorada" em vez de desativada, e o transporte alternativo através de concessões rodoviárias "de maneira nenhuma constitui uma resposta cabal às necessidades das populações".

Para o presidente da Câmara de Ourique, Pedro do Carmo (PS), a desativação da linha "é mais uma machadada grave na mobilidade das populações" e irá contribuir para "a desertificação e o abandono do interior".

"É muito preocupante e uma forma de nos matarem lentamente", disse, referindo que "está em cima da mesa a extinção de municípios e freguesias" e o que se pode "aflorar" da eventual desativação da linha "é que se não nos matam de uma maneira matam-nos de outra".

O autarca considerou: "Com a estratégia de cortes, de desativar linhas férreas e de não construir novas estradas caminhamos para o abismo" e "pouco mais há a dizer que não seja indignarmo-nos".

Já o presidente da Câmara de Beja, Jorge Pulido Valente (PS), defendeu que a eventual desativação terá que ser analisada com base no movimento de passageiros e na sustentabilidade do serviço.

"Não sei qual é o movimento e não sei se será sustentável manter o serviço" ou se, "preferencialmente e com benefícios para os utentes", deve ser "substituído por uma ligação de outro tipo", que permita aos utentes apanharem, na Funcheira ou noutro sítio, o comboio para o Algarve, disse.

O responsável disse que “tem que ser feita uma análise dos custos e dos benefícios", com realismo, porque ter uma linha ativa com "custos elevadíssimos" para transportar poucos passageiros "não é solução". No seu entender, resta saber se haveria uma procura significativa que viabilizasse o serviço se houvesse investimentos para melhorar as condições da linha.»

Fonte: Diário Online

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