A Câmara das Caldas já tem na sua posse, desde domingo passado, o estudo sobre a linha do Oeste destinado a demonstrar que é possível salvar o troço norte deste eixo ferroviário que o governo pretende encerrar ao serviço de passageiros.
O presidente da Câmara, Fernando Costa deverá agora apresentá-lo junto da plataforma que foi criada em Leiria durante uma reunião organizada pelo NERLEI, composta por autarcas, empresários, políticos e outras forças vivas da região, antes de o fazer chegar ao secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiros.
O documento, intitulado “Linha do Oeste – diagnóstico e propostas” foi elaborado pelo caldense Nelson Oliveira, que é especialista em engenharia ferroviária e que se viu confrontado com ausência de elementos que tinham sido pedidos à Refer e à CP, mas que nunca lhe chegaram às mãos.
O secretário de Estado tinha dito a Fernando Costa que as empresas por si tuteladas forneceriam toda a informação necessária para a elaboração do estudo.
Os elementos foram pedido à Secretaria de Estado dos Transportes pela Câmara das Caldas e também por deputados do PSD do distrito de Leiria à Assembleia da República, mas, um mês depois, a Refer diz que não sabia de nada, enquanto que a CP admitia que já tinha enviado “essa informação para a Secretaria de Estado que a deverá encaminhar para a Assembleia da República”.
CP DE COSTAS PARA O MERCADO
Mas mesmo sem esses elementos, o estudo agora concluído constata que há 30 anos que a CP anda na linha do Oeste de costas voltadas para o mercado.Por exemplo, cerca de 80% das relações pendulares dos concelhos de Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande e Leiria destinam-se a Coimbra e só 20% à Figueira da Foz, mas a CP sempre insistiu em mandar os comboios para esta última cidade em vez de o fazer para Coimbra, onde existe mais mercado.
Nunca nenhuma administração da CP se deu ao trabalho de explicar por que motivo o serviço do Oeste rebatia sobre a Figueira da Foz e não sobre Coimbra.
O estudo demonstra ainda que a procura tem vindo a aumentar nos últimos seis anos no troço que o governo pretende encerrar, apesar de a velocidade média dos comboios ter já sido maior nos anos oitenta do que na actualidade.
É que o comboio das Caldas para Coimbra demora menos tempo do que os autocarros da Rede de Expressos, além de ser mais barato e cómodo. No entanto, a CP não tem sabido tirar partido desta situação porque só efectua um comboio directo entre Caldas e a cidade do Mondego, com paragens em S. Martinho, Valado, Marinha Grande e Leiria.
O estudo de Nelson Oliveira conclui que é possível – no imediato e sem investimento – aumentar a procura, desde que todos os comboios sigam para Coimbra e que a CP acabe com os transbordos inúteis nas Caldas da Rainha entre as composições que vêm de Lisboa e as que seguem para o norte. Ou seja, pretende-se retomar a continuidade que já existiu entre o troço sul e o troço norte da linha do Oeste.
Estes transbordos nas Caldas já foram explicados pela CP devido à necessidade de abastecer com gasóleo as automotoras e proceder à sua limpeza. Uma justificação inaceitável e que só prova o quanto a empresa vive divorciada do mercado e da realidade pois essas tarefas podem (e devem) ser feitas nas estações términus em Lisboa ou Coimbra.
O governou anunciou o fim do serviço de passageiros em 1 de Janeiro alegando prejuízos de 1,8 milhões de euros em 2010 e uma média de 53 passageiros por comboio, prometendo que seriam criadas concessões rodoviárias alternativas.
Este encerramento foi entretanto adiado, mas na linha do Leste e na troço Beja-Funcheira na linha do Alentejo, o serviço de passageiros vai mesmo desaparecer no início do ano, sem que tenham sido contratualizadas quaisquer concessões com operadores rodoviários.
Preparar-se-á o governo para fazer a mesma coisa com a linha do Oeste? Ou o bom senso ditará que o serviço de passageiros se mantenha, acatando-se as propostas do estudo agora na posse do município das Caldas?
A regiões Oeste e Centro, que utilizam o comboio desde o século XIX mereciam outro tratamento e consideração por parte do governo.»
O presidente da Câmara, Fernando Costa deverá agora apresentá-lo junto da plataforma que foi criada em Leiria durante uma reunião organizada pelo NERLEI, composta por autarcas, empresários, políticos e outras forças vivas da região, antes de o fazer chegar ao secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiros.
O documento, intitulado “Linha do Oeste – diagnóstico e propostas” foi elaborado pelo caldense Nelson Oliveira, que é especialista em engenharia ferroviária e que se viu confrontado com ausência de elementos que tinham sido pedidos à Refer e à CP, mas que nunca lhe chegaram às mãos.
O secretário de Estado tinha dito a Fernando Costa que as empresas por si tuteladas forneceriam toda a informação necessária para a elaboração do estudo.
Os elementos foram pedido à Secretaria de Estado dos Transportes pela Câmara das Caldas e também por deputados do PSD do distrito de Leiria à Assembleia da República, mas, um mês depois, a Refer diz que não sabia de nada, enquanto que a CP admitia que já tinha enviado “essa informação para a Secretaria de Estado que a deverá encaminhar para a Assembleia da República”.
CP DE COSTAS PARA O MERCADO
Mas mesmo sem esses elementos, o estudo agora concluído constata que há 30 anos que a CP anda na linha do Oeste de costas voltadas para o mercado.Por exemplo, cerca de 80% das relações pendulares dos concelhos de Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande e Leiria destinam-se a Coimbra e só 20% à Figueira da Foz, mas a CP sempre insistiu em mandar os comboios para esta última cidade em vez de o fazer para Coimbra, onde existe mais mercado.
Nunca nenhuma administração da CP se deu ao trabalho de explicar por que motivo o serviço do Oeste rebatia sobre a Figueira da Foz e não sobre Coimbra.
O estudo demonstra ainda que a procura tem vindo a aumentar nos últimos seis anos no troço que o governo pretende encerrar, apesar de a velocidade média dos comboios ter já sido maior nos anos oitenta do que na actualidade.
É que o comboio das Caldas para Coimbra demora menos tempo do que os autocarros da Rede de Expressos, além de ser mais barato e cómodo. No entanto, a CP não tem sabido tirar partido desta situação porque só efectua um comboio directo entre Caldas e a cidade do Mondego, com paragens em S. Martinho, Valado, Marinha Grande e Leiria.
O estudo de Nelson Oliveira conclui que é possível – no imediato e sem investimento – aumentar a procura, desde que todos os comboios sigam para Coimbra e que a CP acabe com os transbordos inúteis nas Caldas da Rainha entre as composições que vêm de Lisboa e as que seguem para o norte. Ou seja, pretende-se retomar a continuidade que já existiu entre o troço sul e o troço norte da linha do Oeste.
Estes transbordos nas Caldas já foram explicados pela CP devido à necessidade de abastecer com gasóleo as automotoras e proceder à sua limpeza. Uma justificação inaceitável e que só prova o quanto a empresa vive divorciada do mercado e da realidade pois essas tarefas podem (e devem) ser feitas nas estações términus em Lisboa ou Coimbra.
O governou anunciou o fim do serviço de passageiros em 1 de Janeiro alegando prejuízos de 1,8 milhões de euros em 2010 e uma média de 53 passageiros por comboio, prometendo que seriam criadas concessões rodoviárias alternativas.
Este encerramento foi entretanto adiado, mas na linha do Leste e na troço Beja-Funcheira na linha do Alentejo, o serviço de passageiros vai mesmo desaparecer no início do ano, sem que tenham sido contratualizadas quaisquer concessões com operadores rodoviários.
Preparar-se-á o governo para fazer a mesma coisa com a linha do Oeste? Ou o bom senso ditará que o serviço de passageiros se mantenha, acatando-se as propostas do estudo agora na posse do município das Caldas?
A regiões Oeste e Centro, que utilizam o comboio desde o século XIX mereciam outro tratamento e consideração por parte do governo.»
Fonte: Gazeta das Caldas