CP SUPRIME INTERCIDADES NA BEIRA BAIXA SEM GARANTIR ALTERNATIVA RODOVIÁRIA
Trabalhos na via-férrea justificam supressão de ligações rápidas na Beira Baixa, mas Refer diz que não tem de pagar transporte alternativo à CP
A CP suprimiu dez comboios Intercidades que deveriam ligar Lisboa à Covilhã, mas que ficam por Castelo Branco. Daí para a frente a linha está fechada de ontem até amanhã para a realização de obras da responsabilidade da Rede Ferroviária Nacional (Refer). Os comboios foram suprimidos sem qualquer alternativa para os clientes.
A Refer entende que, não sendo operadora de transportes, não lhe compete organizar o serviço rodoviário, mas disponibiliza-se a pagá-lo à CP se esta tratar disso. Mas a transportadora ferroviária tem uma versão diferente e diz que "a Refer deixou de suportar os custos com a contratação de transportes alternativos em virtude de interdições de circulação na rede ferroviária a partir de 26/1/2010." Por esse motivo, acrescenta a empresa, este tipo de custos "têm sido inteiramente suportados pela CP".
Só que, devido à contenção de custos, a empresa resolveu só assegurar serviço rodoviário de substituição para os escassos comboios regionais da Beira Baixa, uma vez que neles podem viajar clientes com passe. Já para os Intercidades foi mais fácil bloquear as vendas entre Castelo Branco e Covilhã para estes dias e o assunto ficou resolvido de forma expedita e mais barata. A Refer justifica a interdição da via pela complexidade das obras, que não podem ser realizadas durante a noite. Trata-se, sobretudo, de intervenções nos túneis da Gardunha e de Fatela/Penamacor que têm de ser escavados para rebaixar a soleira ao mesmo tempo que se abrem nichos na abóbada para neles instalar o suporte da catenária. A obra destina-se a concluir a electrificação da Linha da Beira Baixa em Maio deste ano.
Entretanto, o Grupo de Amigos do Caminho-de-Ferro da Beira Baixa endereçou uma carta aberta ao presidente da Câmara da Covilhã alertando-o para a possibilidade de a CP, a partir de Maio, acabar com os Intercidades com material circulante habitual (locomotiva e carruagens) e substituí-lo por automotoras UTE (Unidades Triplas Eléctricas) iguais às que efectuam o serviço regional.
"O serviço Covilhã-Lisboa tem características de longo curso e o material referido [UTE] não dispõe das características de conforto para uma viagem de maior duração", lê-se no documento, que exorta o autarca a tomar medidas para não deixar morrer o caminho-de-ferro da Beira Baixa. No entanto, a CP nega essa intenção, mantendo que as automotoras eléctricas só substituirão os comboios Intercidades nos serviços entre Lisboa, Évora e Beja.
Fonte: Jornal Público, 26 de Fevereiro de 2011
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